Por, Aniel Costa Cruz "Ziggy"
Esta pergunta desperta curiosidade em diversas pessoas. Uns acham que somos um bando de loucos desvairados correndo sem destino, subindo e descendo simplesmente pelo desejo de correr ou de se cobrir de lama. Outros acreditam tratarem-se simplesmente de aventureiros ou desocupados sem ter mesmo o que fazer.
São muitos os motivos a descrever nessa imaginação popular e por isso mesmo frequentemente somos abordados sobre essa temática FAZER TRILHAS.
Difícil mesmo é descrever algo que você sente a alguém que não conhece as sensações.
Na tentativa de elucidar as questões por vezes resumimos dizendo que a adrenalina é forte, que é prazeroso, que distrai e por ai vai…
Muitas são as razoes a enumerar nessa busca desvairada em conceituar o esporte. Estou certo que não esgotarei o tema, este texto será apenas uma pequena contribuição.
Uma das coisas logo observada, de cara mesmo, é a solidariedade: impossível fazer trilhas sozinho. Frequentemente estamos precisando um dos outros, seja um empurrãozinho aqui ou ali… Uma moto a ser rebocada ou consertada, uma barra de cereal a ser dividida, coisas assim…
Inimaginável mesmo é visualizar onde essas “magrelas” são capazes de chegar. São montanhas e vales que nos permitem um contato direto com a natureza puríssima, desfrutando do seu aroma perfumado e diversificado, um presente no olhar, na contemplação do belo nos mais altos penhascos, nas matas e sem falar na invejável sensação do cachorro na janela do carro, com aquele vento na cara… Demais.
Outro aspecto interessante são os desafios nos percursos. Difícil acreditar que se possa vencê-los, transpassa-los. Contudo, nas tentativas incessantes, superando os impactos negativos, os medos, e lançando impetuosamente sob os obstáculos finalmente os vencemos de forma impressionante.
Percebemos com essa façanha que a vida é assim, similar as trilhas, e que assim como nas trilhas, o dia a dia é recheado de desafios e neste contexto o esporte nos encoraja e impulsiona a lutar e nunca desistir das metas e projetos propostos na caminhada da existência, pois, apesar de parecerem difíceis, a experiência nos mostra que o segredo é sempre acreditar, acreditar e acreditar.
Alguém já disse que esse esporte deveria ter o nome de “No Limite”, haja visto que por vezes esgotamos todas energias possíveis.
Difícil acreditar que estando no “lombo” de uma moto alguém iria se esgotar dessa maneira. A verdade é que depois de 8 hs de trilhas, passando por vários obstáculos, a “magrela” começa a agigantar-se. É ai que surge um diferencial: quando o HOMEM completo começa a ressurgir.
Nesse momento há um alinhamento, uma convergência de objetivos e o ser tricótomo (composto de Corpo Alma e Espírito) começa a expressar de forma magnífica, onde o corpo sem energia busca força no seu Eu interior que o impulsiona a seguir avante culminando no sonhado objetivo final.
Penso que, quando chegamos nesse nível há uma purificação da mente (alma) onde o corpo “zerado” sem forcas pra nada, cede espaço para o homem interior (o Espírito) tornando assim um ser humano melhor, menos prepotente e mais equilibrado.
Em fim, fazer trilhas é um exercício para a vida, é harmonia com o ambiente é se sentir a própria natureza em perfeita simbiose.
Que possamos desfrutar cada vez mais desse enorme privilegio de forma consciente não perdendo nenhum detalhe nessas jornadas.